Re Publié, le 15 octobre. 2025 - 20:55:34

François Vieira
PhotoJournaliste accrédité* UE
*1999 - 2024
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"PARA ÀLÉM DA TAPROBANA"

António Manuel Pereira da Costa Pinto
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O historiador Roger Crowley (autor bestseller do jornal "New York Times"), considerado, pelo jornal Financial Times, um dos maiores historiadores contemporâneos, conta-nos no livro "Conquistadores - como Portugal criou o primeiro império global", como Portugal construiu um grande império marítimo europeu, dando origem à primeira economia global.
Neste livro, o autor emerge o leitor num momento extraordinário da história de Portugal. Numa narrativa (segundo a "BBC History Magazine", brilhante e cheia de ritmo, um relato admirável sobre a ascensão de um império), empolgante e solidamente documentada, onde se equilibra a vertente humana e as dimensões geopolítica e religiosa, o afamado autor, aborda com minúcia deleitante, a supremacia marítima de Portugal naquela época.
Dir-se-á que tudo começou em Agosto de 1415, quando uma frota portuguesa atravessou o Estreito de Gibraltar e atacou o porto muçulmano de Ceuta em Marrocos, um dos pontos mais fortificados e estratégicos de todo o mediterrâneo. A tomada de Ceuta surpreendeu a Europa mostrando aos rivais europeus, que este pequeno Reino era autoconfiante, enérgico e estava pronto para a ação.
Nas "cruzadas" ao Norte de África, várias gerações de conquistadores portugueses tiveram o seu batismo de sangue e desenvolveram o apetite marcial e o reflexo violento que posteriormente se mostraria vital na luta contra os povos do oceano Indico e permitiriam uma capacidade de ação enorme a um pequeno número de invasores.
Com a descoberta do caminho para a India e o domínio do oceano Indico no seu âmago, as vitórias sobre governantes muçulmanos e o domínio do comércio das especiarias, revela-nos o alcance do império português de então, e dá vida a figuras como D. Manuel I, D. João II, D. Francisco de Almeida(1° vice-rei da India), Afonso de Albuquerque, conhecido como "Leão dos Mares"(2° vice rei da India) e Vasco da Gama, entre outros. Nesta obra, o autor faz o relato essencial e atualizado de como uma das nações mais pequenas e pobres da Europa pôs em movimento as forças da globalização que hoje dão forma ao mundo.
Ao avistar a India, Vasco da Gama acabara com o isolamento da Europa, transformando assim o curso da história, levando a que o oceano Atlântico não fosse uma barreira mas sim uma via de acesso entre os hemisférios. Foi um momento marcante no longo processo da convergência global.
Foram de facto marinheiros portugueses, os primeiros a unir os mares e a lançar os alicerces da economia mundial. Foi um épico de navegação, comércio e tecnologia, dinheiro e cruzadas, diplomacia política e espionagem, batalhas navais e naufrágios, resistência, coragem, violência, que lançaram os alicerces de um império marítimo de alcance planetário.
Este sucedâneo de acontecimentos assentou em duas premissas substanciais: na existência de um sentido precoce de identidade nacional, fruto da expulsão dos mouros dos territórios que constituíam o Reino de Portugal, e na existência de uma gesta de nobres fidalgos que viviam, lutavam e morriam segundo um código de honra que acompanharia os portugueses ao longo dos tempos, pelo mundo fora.
Espantoso foi a divisão do mundo para além do continente europeu, ou seja, do mundo a descobrir através do Tratado de Alcáçovas, posteriormente completado pelo Tratado de Tordesilhas em 1492, onde Portugal e Espanha, as duas maiores potências marítimas de então, ousaram com estes tratados, transformar este espaço político em espaço privatizado.
Nesta epopeia, coexistiram conquistas guerreiras e conquistas científicas, como usar os ventos na navegação marítima, o estudo do ritmo das monções, as possibilidades de navegação(com baixios perigosos), a criação de corredores de comunicação que eram usados no vai-vem anual das frotas que partiam de Lisboa normalmente no mês de Março e que percorriam entre ida e volta 24000 milhas. Um dos expoentes das descobertas científicas foi Duarte Pacheco Pereira, navegador, líder e génio tático, geógrafo e cientista experimental(escreveu o primeiro relato sobre a capacidade de os chimpanzés usarem ferramentas), erudito e matemático.
Pacheco Pereira foi um dos negociadores do Tratado de Tordesilhas, calculou o grau do arco do meridiano com um nível de exatidão inédito, observou as marés e as fases da Lua no oceano Indico e soube usar capazmente esses conhecimentos. Pacheco Pereira foi um homem que o poeta Luís de Camões apelidou de Aquiles Português, e de acordo com o poeta "Numa mão tinha sempre a espada e na outra sempre a pena".
Os portugueses foram os mensageiros da globalização e da idade científica dos descobrimentos. Os seus exploradores, missionários, mercadores e soldados espalharam-se pelo mundo. Estiveram em Nagasáqui e Macau, nas terras altas da Etiópia e nas montanhas do Butão.
Luis Vaz de Camões, o poeta mais viajado do Renascimento, no livro épico "Os Lusíadas", criou a mitologia fundadora para o heroísmo da exploração tendo escrito acerca dos exploradores portugueses " Se mais mundo houvera, lá chegara".
A tese de que Portugal foi o pioneiro da globalização tem vindo a ganhar cada vez mais adeptos, um pouco por todo o mundo, e o livro de Roger Crowley é um excelente contributo desta visão. Mas não se pode olvidar o esforço e a tenacidade dos dois vice-reis da India como sendo dois homens temerários, incorruptíveis, lutadores infatigáveis contra a corrupção, fiéis ao reino que os viu nascer, obcecados pela honestidade e á defesa dos interesses reais de que eram baluartes: D. Francisco de Almeida e Afonso de Albuquerque.
De facto, é um orgulho relembrar como é que um pequeno país conseguiu dar novos mundos ao Mundo.
Assim se fez Portugal…
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*Lic. Ciências Sociais - Sociologia
Educação Física e Desporto
*Lic. Sciences sociales - Sociologie
Éducation Physique et Sports
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