10ème Ré-édition, le 02 nov. 2024 - 17:31:00

François Vieira

PhotoJournaliste accrédité UE

Membre du Syndicat des Journalistes à Lisbonne

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MUDANÇAS CLIMÁTICAS

E SEGURANÇA INTERNACIONAL

António Manuel Pereira da Costa Pinto

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Se a comunidade Internacional não tem a audácia de fazer urgentemente face às ameaças provocadas pelas alterações climáticas, o sistema multilateral que tem regido as relações internacionais poderá ser posto em perigo.

As consequências provocadas pelas mudanças climáticas na "Polis" em que se tornou a comunidade internacional, poderão atiçar ressentimentos entre os principais responsáveis por essas mudanças e os que sofrem as consequências de tais comportamentos. Segundo a ONU, daqui até 2020, ocorrerá um fenómeno de milhões de migrantes "ambientais" provocados pelas alterações climáticas e com as implicações que tal acarreta.

São, portanto, as incidências das políticas que visam atenuar as mudanças climáticas ou o seu fracasso, que determinarão as tensões políticas ao nível regional e mundial.

Esta potencial fratura não é somente uma divisão entre o Norte e o Sul planetário, mas comtempla também uma dimensão Sul-Sul, fruto em particular do aumento crescente de emissões por parte da China e India.

A arquitetura da segurança internacional,  já submetida a grandes tensões( Iémen-onde existe também uma crise de mais 256.000 refugiados para a Somália, Djibuti e Sudão - Síria, Líbia, Iraque, Ucrânia, crise dos migrantes-refugiados na Europa, etc) será objeto de mais pressões (veja-se a tensão existente, embora por outras razões, entre a Rússia e o mundo ocidental).

Tendo como vizinhos alguns dos países e regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas como a Africa do Norte e o Próximo Oriente, a U.E., é suscetível de ser ainda mais confrontada nas suas fronteiras, com elevadas pressões migratórias (para além do que tem ocorrido ultimamente por motivos políticos ou guerras com a chamada crise dos refugiados) fruto de mais conflitos e instabilidade política que se poderão intensificar no futuro provocados pelas alterações climáticas. 

Este fenómeno poderá, ainda, acarretar sérias dificuldades às vias normais de abastecimento de energia ao "velho continente" embora esteja a ser levada a efeito uma procura de diversificação dessas mesmas vias e fontes de abastecimento.

Vejamos alguns exemplos elucidativos :

- Na Africa do Norte e no Sael, o agravamento da seca, a cada vez menos existência  de água e a sobre-exploração das terras, provocarão uma degradação dos solos, o que poderá provocar uma perda de cerca 75% de terras aráveis e daí provocar uma crise alimentar sem precedentes.

O Delta do Nilo (celeiro da região desde os tempos da Mesopotâmia), poderá ser exposto à elevação das águas do mar, o que acarretará consequentemente uma salinização de zonas agrícolas e uma perda de cerca 15% das terras de cultivo. Uma quebra da produção agrícola vai originar insegurança alimentar e provocar um aumento de preços ;
- No Próximo Oriente, cerca de dois terços do Mundo Árabe depende do exterior  para o seu abastecimento de água. Espera-se uma redução do caudal dos Rios Jordão e Yarnouk, o que irá afetar Israel, os Territórios Palestinianos e a Jordânia. Nesta região, em que os conflitos pela posse da terra e água são uma parte do problema existente, pode-se depreender que o futuro, infelizmente, não se avizinha nada risonho ;
- Na Africa Central, a deslocação de populações por motivos de seca acentuada e falta de água tem acentuado conflitos tribais que se encontravam adormecidos como os que se passam na Nigéria, Darfur e República Central Africana, sobretudo em regiões de forte densidade demográfica ;
- Na Asia, a elevação do nível do mar, poderá ameaçar milhões de pessoas, uma vez que cerca de 40% da população asiática vive a menos de 60 kilómetros das costas marítimas.
- Na zona do Pacífico haverá ilhas que irão ser submergidas e implicitamente países que irão desaparecer. O que devirão as populações destes países ?  

Apátridas, em que mundo, com que estatuto ?

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© António Manuel Pereira da Costa Pinto
Lic. Ciências Sociais - Sociologia

Educação Física e Desporto

Lic. Sciences sociales - Sociologie
Éducation Physique et Sports

Credenciado - Accrédité : UE

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